XII Domingo do Tempo Comum
Tu És o Cristo!
23/06/2013
+ Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Arcebispo de Brasília
Neste Ano da Fé, temos ocasião especial para aprofundar o nosso
conhecimento a respeito de Jesus Cristo, iluminados pelo Evangelho
proclamado (Lc 9,18-24). A pergunta de Jesus ao apóstolo Pedro continua a
ecoar em nosso tempo, dirigindo-se a nós: “E vós, quem dizeis que eu
sou?” Hoje, assim como naquela época, há concepções a respeito de Jesus
que não condizem com o Evangelho. Os próprios discípulos foram crescendo
no conhecimento de Jesus Cristo na medida em que conviviam com ele e
ouviam a sua palavra. A resposta verdadeira pressupõe a fé, conforme
manifestou Pedro: tu és “o Cristo de Deus”.
A fé em nossos corações vai se iluminando e se fortalecendo ao longo de
nossa vida de discípulos de Jesus Cristo. A fé vai crescendo e
amadurecendo na medida em que participamos da comunidade dos discípulos,
que é a Igreja. A carta apostólica Porta Fidei, em que Bento
XVI proclamou o Ano da Fé, nos recorda que “a profissão de fé é um ato
simultaneamente pessoal e comunitário. De fato, o primeiro sujeito da fé
é a Igreja. É na fé da comunidade cristã que cada um recebe o Batismo,
sinal eficaz da entrada no povo dos crentes para obter a salvação. Como
atesta o Catecismo da Igreja Católica, “Eu creio”: é a fé da Igreja,
professada pessoalmente por cada crente, principalmente por ocasião do
Batismo. “Nós cremos”: é a fé da Igreja, confessada pelos bispos
reunidos em Concílio ou, de modo mais geral, pela assembleia litúrgica
dos crentes”. Por isso, para responder à pergunta de Jesus, necessitamos
estar em comunhão, na Igreja, animados pelo “espírito de graça e de
oração”, prometido por Deus, conforme a profecia de Zacarias (Zc 12,10).
Após a resposta de Pedro, Jesus se refere à sua paixão e morte na cruz,
concluindo com a afirmação da cruz também na vida dos seus discípulos.
As palavras de Jesus a respeito da cruz ocupam grande parte da
narrativa. Uma das concepções errôneas sobre o Messias, muito difundida
naquele tempo, atribuía a ele o poder e a glória, como se fosse um rei
poderoso à semelhança de tantos outros, excluindo os sofrimentos e a
doação de sua vida. Para uma compreensão justa a respeito do Messias, os
discípulos passariam pela experiência da cruz e pela acolhida do dom do
Espírito. Jesus é o Messias servo que doa a própria vida. O risco de um
cristianismo light é cada vez maior, em nosso tempo, pois se
difunde sempre mais a cultura do bem estar radical, do consumismo e do
prazer fácil, excluindo da vida cristã os sacrifícios e as renúncias e
por isso, negando a cruz de Cristo. Ao afirmar, com Pedro e a Igreja,
que Jesus é “o Cristo de Deus”, é preciso dispor-se a caminhar com ele
rumo ao Calvário e com ele permanecer na hora da cruz. E, assim como
ele, é preciso doar a vida pelos irmãos.
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