XI Domingo do Tempo Comum
Feliz Quem Vive Do Perdão
16/06/2013
+ DomSergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Arcebispo de Brasília
O Evangelho segundo Lucas, que tem sido proclamado nos domingos do
Tempo Comum, ressalta a misericórdia de Jesus para com os pecadores, os
pobres e todos os sofredores. O episódio narrado demonstra o amor
misericordioso de Jesus também para aqueles que, em muitas ocasiões, se
mostravam seus adversários ou inimigos, como os fariseus. S. Lucas nos
mostra Jesus fazendo uma refeição na casa de um deles. Antes de
demonstrar misericórdia para com “a mulher conhecida na cidade como
pecadora” (Lc 7,37), Jesus se mostrou misericordioso para com o fariseu,
aceitando entrar em sua casa e sentar-se com ele para partilhar a
refeição. Contudo, ele não foi capaz de entender e aceitar o gesto
misericordioso de Jesus Cristo para com a pecadora. A parábola narrada
nos ensina que o perdão é expressão do amor e, por isso, quanto maior o
perdão oferecido, maior o amor demonstrado, conforme afirma Jesus:
“aquele a quem se perdoa pouco, mostra pouco amor” (Lc 7,47).
Além da humildade e da generosidade, aquela mulher perdoada demonstra
crer e, por isso, confia em Cristo. Jesus se refere à generosidade e ao
afeto, manifestados por ela, bem como à sua fé, conforme as palavras que
lhe dirigiu: “Tua fé te salvou!” (Lc 7,50). Tal experiência da
misericórdia de Deus, acompanhada da humildade e da fé, torna-se fonte
de vida nova e de paz, segundo afirma o Senhor: “Vai em paz!”. Esta rica
expressão resume a nova situação daquela mulher e de todos os que
recebem o perdão de Deus: caminhar numa vida nova feita de paz.
Recordemos que a paz, no seu sentido bíblico, é muito mais do que
ausência de conflitos. É dom de Deus, é fruto da presença de Deus, é
plenitude de vida. O perdão é fonte e condição para a verdadeira paz: o
perdão recebido de Deus e o perdão oferecido aos irmãos.
O texto do Livro de Samuel anunciado na primeira leitura ressalta a
misericórdia de Deus para com o rei Davi, que se reconhece pecador e
confessa o seu pecado. O Salmo responsorial (Sl 31) proclama que “feliz é
o homem que foi perdoado”, convidando-nos a reconhecer os nossos
pecados e a buscar o perdão de Deus. Feliz quem vive do perdão de Deus!
Feliz quem vive do perdão aos irmãos! A atitude penitencial de confiança
no perdão de Deus e de conversão pressupõe a fé, enfatizada por São
Paulo, na Carta aos Gálatas, juntamente com a gratuidade do amor de
Deus. “Fomos justificados pela fé em Cristo” (Gl 2,16), proclama São
Paulo. O perdão de Deus é sempre graça, fruto do amor gratuito de Deus,
demonstrado na cruz redentora de Cristo. Somos convidados a viver da fé
em Cristo e da acolhida da gratuidade do amor de Deus, a fim de poder
dizer, com o apóstolo, que Cristo “me amou se por mim se entregou” (Gl
2,20). Feliz quem nele crê e confia no seu amor!
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